Letícia Sabatella com estilo

Penteado volumoso, batom vermelho vibrante. Vestidos bordados, peças glamourosas, comprimentos míni. Letícia Sabatella está à vontade. Repleto de referências psicodélicas e surrealistas, o cenário montado para as fotos que ilustram esta reportagem também a ajuda a incorporar o papel. Aos poucos, a atriz, que acabara de chegar de Curitiba a São Paulo com uma mochila nas costas, transforma-se em uma diva, linda, chique e contemporânea. Dona de olhos castanhos enigmáticos, cabelo curto assimétrico e forma física impecável, Letícia domina a cena. Três anos após brilhar como a psicopata Yvone na novela Caminho das Índias.



A estrela volta à TV com uma grande personagem. Trata-se de Verônica, de Sangue Bom, folhetim das 7 da Rede Globo, uma organizadora de eventos que vê sua vida mudar drasticamente após o fim do casamento de anos. Rica e acostumada a circular nas altas-rodas sociais, ela encontra realização ao começar a cantar em um bar da periferia de São Paulo, em dupla com uma amiga vivida por Malu Mader. "Verônica vai se reinventar, se redescobrir e trazer à tona traços da sua personalidade que até então andavam adormecidos", descreve Letícia.
A frase define a mulher da ficção, mas caberia perfeitamente ao momento dela na vida real. Há dois anos, a atriz também vem explorando o talento nato que tem para a música. Já publicou cinco canções em seu canal no YouTube e se prepara para soltar a voz em um espetáculo idealizado por ela mesma. No repertório, há composições próprias em krahô, língua indígena da tribo de mesmo nome, além de tango, bossa nova e clássicos do jazz e da MPB. A que despertou mais interesse até agora é Geni e o Zepelim, de Chico Buarque de Hollanda, com mais de 9,5 mil visualizações. "Quero criar uma espécie de cabaré brechtiano", diz, fazendo referência à obra do dramaturgo alemão Bertold Brecht, de quem é fã. Ela concebeu a montagem auxiliada pelo namorado, o ator e instrumentista Fernando Alves Pinto, com quem está há um ano. Além das canções, a relação do casal é pautada pela poesia. Quando procurado pela reportagem para falar sobre sua musa inspiradora, Fernando respondeu por e-mail com um longo poema, que terminava da seguinte maneira: "Letícia é artista, com sua voz, sua beleza, e sua poesia/ nos ajudando a entender o indizível".
Estrela do primeiro escalão da Rede Globo, a atriz sempre foi reservada no que diz respeito à vida pessoal. Porém, aos 42 anos, sente-se mais segura e não teme tanto declarar seus amores. A filha, Clara, 20 anos, fruto do casamento com o ator Ângelo Antônio, está entre eles, claro. Letícia é mãe do tipo amiga e compreensiva - por exemplo, deixou que Clara tirasse um período sabático quando saiu da escola até decidir qual faculdade fazer. Dois anos depois, a jovem está prestes a ingressar no curso de psicologia. "Nós nos damos muito bem e volta e meia discutimos a relação", conta. Entre as duas, há também espaço para longas conversas sobre moda, dicas de maquiagem e todas as vaidades que envolvem o complexo e encantador universo feminino.
Letícia orgulha-se de ter nascido em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, porque é politizada, sim, e vaidosa também. Gosta de ser cortejada, adora batom vermelho e está sempre de olho na boa forma. Para se recuperar dos (poucos) quilinhos a mais adquiridos durante as férias da televisão, passou a seguir uma dieta rigorosa. Cortou massas e pães da alimentação, tomou muito chá de casca de abacaxi, que tem efeito diurético, e praticou horas a fio de exercícios aeróbicos no transport. Deu certo (ela está com um corpão, como você pode conferir neste ensaio). "Acordo e vou direto malhar", afirma. "Sou muito sensível e essa é também uma forma de me manter equilibrada ao longo do dia." Os cuidados com os famosos cabelos pretos e cacheados também são vários. Ela hidrata os fios em casa e sabe exatamente o que quer quando vai ao cabeleireiro. Para o corte atual, se inspirou na atriz francesa Juliette Binoche e pediu a Flávio Priscott, que a atende há três anos, um chanel com a pontinha virada. "Letícia tem uma sensualidade natural e uma personalidade chique", diz Priscott. "Ela é vaidosa, mas não precisaria, pois fica linda de qualquer jeito." A estrela tem mesmo um ou outro capricho. No dia das fotos para a ESTILO, trazia na mochila da grife New Order uma base em spray da Dior, que cismou em usar para disfarçar imperfeições nas pernas. Também fez questão de percorrer as araras da produção em busca de suas escolhas preferidas - selecionou peças curtas, exuberantes e cheias de brilho. "Moda e arte estão muito próximas", afirma a atriz. "Podemos nos vestir de maneira criativa e significativa." No dia a dia, seus looks variam muito. Vão do grunge, com direito a botas, jeans detonado e camisa xadrez, ao superfeminino, quando opta por vestidos fluidos, leves e coloridos e acessórios retrô, que a lembram das roupas usadas por suas avós.
As referências do passado, aliás, permeiam várias histórias. Letícia nasceu em Belo Horizonte e cresceu em Curitiba, mas passou parte da infância em Volta Grande, pequena cidade no interior de Minas Gerais, onde vivia cercada pela natureza. "Uma vez, achei uma cobrinha no quintal de casa e brinquei com ela a tarde inteira. Quando meu pai viu, ficou assustado e a devolveu rapidamente ao mato. Era uma coral", lembra, rindo. Vem já dessa época a paixão pelo meio ambiente, que hoje defende com unhas, dentes e lágrimas em frente ao Senado. Integrante da ONG Humanos Direitos, que luta, entre outras questões, pela demarcação de terras indígenas, a atriz está envolvida desde 1996 com a tribo krahô, do Tocantins, e costuma visitá-la com frequência. Mais de uma década de convivência resultou no documentário Hotxuá, lançado no ano passado e dirigido por ela. O filme conta a história do sacerdote do riso (o hotxuá), espécie de palhaço responsável por preservar a autoestima da comunidade. Letícia passou sete meses na tribo. "Eu me sinto tão confortável lá quanto na minha casa", diz a atriz, que mora com a filha em um amplo apartamento no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro. "Para mim, ir à luta é algo natural e espontâneo." Dá para duvidar? Letícia começou a carreira adolescente, como bailarina do Teatro Guaíra, em Curitiba, onde os pais moram até hoje. Estreou na televisão aos 19 anos, em 1991, e, desde então, soma no currículo 13 novelas, seis minisséries e 12 longasmetragens. Entre um trabalho e outro, nunca deixou de militar em prol de diversas questões e chegou a montar uma cooperativa autossustentável de alimentos orgânicos, em Nova Friburgo, no Rio.
Incansável, dedicada e sensível ao extremo, Letícia conquistou o respeito do público e a admiração de colegas, diretores e roteiristas. "É um deleite trabalhar com Letícia por seu talento e seu ecletismo", diz a escritora Maria Adelaide Amaral, autora de Sangue Bom. Letícia tem personalidade forte, mas não se deixa prender por ela. Eis um aprendizado que a maturidade lhe trouxe. "Aos 20 anos, eu era cheia de tabus e precisava acertar muito mais. Agora, aos 42, sei que errar faz parte. Já me aceito melhor, tenho mais liberdade, alegria de viver e busco espaços onde eu possa ser criativa." Ativista, política, cantora, mãe, namorada... Entre tantas mulheres, ela escolhe ser a que carrega consigo um pouco de todas: a atriz.
Uma vida na televisão
A atriz completa mais de duas décadas de carreira com personagens complexos e bem distintos entre si.
1. Irmãos Coragem (1995)
Foi a terceira novela de que participou após estrear na Rede Globo, em 1991. Na trama de Dias Gomes e Marcílio Moraes, interpretou três personagens, que, na verdade, eram uma só, com múltiplas personalidades: a recatada Maria, a sensual Diana e a sensata Márcia. Desafio cumprido com louvor.
2. A Muralha (1998)
Na minissérie de época, Letícia deu vida à sofredora Ana, que, prometida em casamento ao asqueroso Jerônimo (Tarcísio Meira), vivia um caso de amor proibido.
3. Hoje É Dia de Maria (2005)
Repleta de poesia e referências políticas e artísticas, a série era perfeita para Letícia. Intérprete de Maria, ela fez par romântico com Rodrigo Santoro tanto na primeira como na segunda temporada da superprodução global. Considera esse um dos trabalhos mais enriquecedores de toda a carreira na televisão.
4. Caminho das Índias (2009)
A atriz arrasou como a psicopata Yvone, sua primeira vilã. Ela conta que a experiência a deixou tão sensibilizada que teve uma arritmia cardíaca durante as gravações.

Segundo o site estilo
Fotos JAIRO GOLDFLUS

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